As opções de Leite para o Instituto dos arrozeiros

As opções de Leite para o Instituto dos arrozeiros

Se quiser manter o Instituto Riograndense do Arroz funcionando com dignidade e voltado ao seu inicial propósito, o governador eleito do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) terá que remunerar melhor os seu servidores e reestruturar esse órgão. Se não quiser , ou não puder, que terceirize esse serviço.

O que ele não pode é imitar os seus antecessores, que pela negligência, ajudaram a empurrar o Irga para um semi-sucateamento. Ao contrário de Tarso Genro (PT/2011-2014) e José Ivo Sartori (MDB/2015-2018), Leite tem familiaridade com a realidade do setor, afinal foi prefeito da arrozeira de Pelotas.

Nestes últimos oito anos, o Irga perdeu uma quarta parte do seu efetivo de agrônomos e de técnicos agrícolas. Foram 40 ex-servidores que optaram pelo ambiente privado em busca de melhores ganhos. Na área administrativa, 18 profissionais deixaram o Irga somente de 2014 para cá. A mais recente perda é de Rodrigo Schoenfeld, que chegou a chefiar a Estação Experimental de Cachoeirinha. Depois de 14 anos de produtivos serviços prestados à casa, o agrônomo jogou a toalha (assista a entrevista abaixo). 

Se leite quiser reverter esse gradual esvaziamento, terá que adotar medidas básicas, mas urgentes. Além da promoção salarial dos funcionários, é dar um jeito de o Estado voltar a reembolsar ao Irga os valores que lhe são de direito. A terceira é já de cara renovar a sua diretoria, tendo como requisitos necessários aos que entrarem o conhecimento da área e o comprometimento com o futuro da atividade orizícola.

Se desconfiar que não vai conseguir, o futuro governador terá a obrigação de não prolongar esse sofrimento, devendo entregar ou compartilhar a sua gestão com particulares. Se fala de a Federação dos Arrozeiros assumir o Irga, mas conseguiria essa classe tradicionalmente dividida obter uma unidade para tal desafio? As outras opções seriam a sua venda ou a extinção mesmo.  

O Irga sempre teve profissionais preparados, que garantiram a elaboração de eficazes programas agronômicos, técnicos e comerciais em favor de uma lavoura mais rentável. Foi graças ao trabalho destes melhoristas é que a produtividade das lavouras de arroz triplicou as suas médias em relação a década de 1970. Credite também na conta do Irga e ao seu programa Soja 6.000, boa parte da soja que hoje verdeja nas áreas alagadas da Metade Sul do Rio Grande.

"A razão do Irga existir são os arrozeiros, que o mantêm e não o Estado que dele apenas tem se nutrido"

Mas é hora de ensaiar novos passos. O Irga precisa voltar a pesquisar, lançar novos programas, outras variedades, é preciso retomar a parceria com as multinacionais desenvolvedoras de tecnologia. A razão desse instituto existir são os arrozeiros, que o mantêm e não o Estado que dele apenas tem se nutrido financeiramente.

Mais do que boa sorte será preciso ao governador que assumirá sensatez e pulso firme para resolver isso. O Irga tem que voltar a ser grande.

Por Alex Soares